terça-feira, 28 de setembro de 2010

A prefeita de Natal preferiu fazer campanha a administrar a cidade

A prefeita de Natal Micarla de Souza resolveu eleger a irmã e o marido deputado federal e estadual, respectivamente. Para isso, entrou na campanha com o discurso de que sua administração está sendo discriminada e que “gabinetes em Brasília” trabalham contra sua gestão. Isso ela deixou claro na entrevista que concedeu na manhã desta sexta-feira, no Jornal 96.
Micarla diz que “existe uma orquestração desde o dia que tomei posse” para que os recursos não venham para Natal. A prefeita não identifica de quem são os “gabinetes em Brasília”, mas é bom que se registre que ela foi eleita em 2008 com o apoio de SETE parlamentares federais do RN. Hoje conta com o apoio de NOVE dos ONZE parlamentares, inclusive dos TRÊS senadores.
Em tese, apenas o meu mandato e o da deputada Sandra Rosado não fazem parte do seu bloco de apoio. Mesmo assim eu e Sandra nunca nos opusemos a nada que trouxesse benefício para Natal por revanchismo político.
Ocorre que a prefeita resolveu me escolher para justificar a sua má administração. Provocada pelo jornalista Diógenes Dantas, que me citou nominalmente, Micarla questionou porque Natal recebia recursos provenientes de emendas do nosso mandato ao Orçamento Geral da União na época do prefeito Carlos Eduardo, e agora não mais.
Resposta simples: nosso mandato ainda espera que a Prefeitura realize as obras das emendas que ficaram pendentes, como as obras do Mercado Modelo (o mercado das Rocas), a creche do bairro Planalto, as obras do bairro Nossa Senhora da Apresentação, além de várias praças nas quatro zonas da cidade. Continuamos a alocar recursos para Prefeituras que, com competência, realizam as obras que o povo espera e necessita.
Micarla não acredita, mas diz que eu quero me vingar da cidade por não ter sido eleita prefeita. Não diz, entretanto, que nosso mandato destinou emenda de CINCO MILHÕES E SEISCENTOS MIL REAIS para Natal quando ela e Carlos Eduardo foram eleitos, quando o PT ainda não participava daquela gestão.
A prefeita também reclamou no Jornal 96 do fato de eu ter participado da mobilização dos professores, na tarde desta quinta-feira, em defesa do Piso Salarial. Entendo a prefeita estranhar, afinal, ela não tem ligação e não sabe o que é a militância dos movimentos sociais. O nosso mandato nasceu nos movimentos sociais e com eles sempre trabalhou. Principalmente na área da EDUCAÇÃO.
Fui à mobilização dos professores - que teve a coordenação do SINTE-RN - atendendo a um chamamento da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação. A mobilização aconteceu em todo país, e estranho seria se eu não tivesse participado. Afinal, sou professora, estou deputada federal e nessa condição coordeno a Frente Parlamentar Nacional em Defesa do Piso dos Professores na Câmara dos Deputados.
Acredito que já é hora da prefeita Micarla de Souza descer do palanque e começar a administrar a cidade com competência. Assumir a falta de competência que têm caracterizado esses dois anos de gestão e tentar, pelo bem do povo, corrigir esse apagão administrativo. Nessa campanha tenho revisitado todos os bairros de Natal e o que vejo é a revolta do povo com a gestão municipal. Natal não merecia isso.

Fátima Bezerra
Deputada Federal PT RN


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Amistoso com a Residência da UFCG

Pessoas, a reunião de hoje dia 23/09 sobre o amistoso com a Residência da UFCG ficou deliberado que a viagem será dia 22/10. terá a participação do Futsal masculino e feminino, além do Xadrez. Os times terão 10 atletas cada. O futebol de campo não terá representação, pois a Residência de Campina Grande não organizou seu time. A partir da semana que vem teremos treino semanal.





Movimento Organizado de Residências Estudantis


terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Que Merece Ser Contado

Garoto_de_Cabelos_ao_Vento: To cansado...
Anônimo_Incógnito: De quê...?
Garoto_de_Cabelos_ao_Vento: Da vida.
Anônimo_Incógnito: E o que você sabe da vida...?
Garoto_de_Cabelos_ao_Vento: Nada que mereça ser contado.
Anônimo_Incógnito: Então eu sei mais...
Garoto_de_Cabelos_ao_Vento: Então conte...
Anônimo_Incógnito: Poderia contar tanta coisa...
Garoto_de_Cabelos_ao_Vento: Se houvesse tanto o que contar, eu já teria avistado alguma coisa...
Anônimo_Incógnito: Com esses olhos, acho difícil...
Garoto_de_Cabelos_ao_Vento: ...
Anônimo_Incógnito: Uma vez, encontrei o par de olhos de uma menina dentro de um ônibus...
Garoto_de_Cabelos_ao_Vento: ?
Anônimo_Incógnito: ...quando me dei conta, já estava a fitá-los... ela me percebeu e fitou os meus de volta, e permanecemos a fitar os olhos um do outro durante toda uma viagem de ônibus...
Garoto_de_Cabelos_ao_Vento: ...
Anônimo_Incógnito: ...não tentávamos dizer nada, não gesticulávamos, sequer piscávamos... e eram tantos em pé naquele ônibus que só o olhar podia alcançar um ao outro mesmo...
Garoto_de_Cabelos_ao_Vento: ...
Anônimo_Incógnito: ...e houve um momento que senti mesmo alcançar aquilo que me fez alcançado...
Garoto_de_Cabelos_ao_Vento: ...
Anônimo_Incógnito: ...então chegou o ponto dela, e ela sorriu, virou-se e desceu...
Garoto_de_Cabelos_ao_Vento: ...
Anônimo_Incógnito: ...
Garoto_de_Cabelos_ao_Vento: ?
Anônimo_Incógnito: ...
Garoto_de_Cabelos_ao_Vento: E?
Anônimo_Incógnito: Hum...?
Garoto_de_Cabelos_ao_Vento: E depois?
Anônimo_Incógnito: ...?
Garoto_de_Cabelos_ao_Vento: Pegou telefone? Marcaram de sair? Beijou?
Anônimo_Incógnito: ...
Garoto_de_Cabelos_ao_Vento: ???
Anônimo_Incógnito: Essas coisas, até você poderia contar...
Garoto_de_Cabelos_ao_Vento: ...

* Certas outras, só inventando palavras que saibam dançar...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Paralisação dos Bolsitas UFRN

Hoje realizamos a I paralisação dos/as bolsistas da UFRN, contamos com a presença de estudantes de diversos espaços, biblioteca, departamentos, reitoria e principalmente do HUOL.  O DCE – Da Luta não me ReTiRO Junto com o Movimento de Casas (SENCE/SENCENNE/MORE), a um mês vem construindo o processo de mobilização e articulação dessa atividade.
   
Nós fomos recebidos/as pela Pró- Reitoria de Assuntos Estudantis e de Planejamento, no auditório da reitoria, onde entregamos a seguinte pauta de reivindicação:
1-     Imediata reposição das bolsas suspensas:
2-     Imediato ressarcimento dos valores descontados de forma inapropriada;
3-     Elaboração de uma regulamentação das bolsas;
4-     Orientação pedagógica de acordo com a área de conhecimento, e correspondência com as funções desempenhadas;
5-     Garantia de Mateiral de EPI e intervalo de trabalho de acordo com a área de conhecimento e com as funções desempenhadas;
6-     Recebimento de bolsas até o 5º dia útil do mês;
7-     Aceitação de atestados sem a facultação de chefia;
8-     Fim das restrições para a participação em eventos acadêmicos;
9-     Fim da compensação de horas, que hoje chega a acarretar expedientes de 12h de trabalho diário;
10- Fim da realidade de bolsistas desempenhando funções, ao invés de apoio;
11- Compatibilidade das bolsas com o horário de RU;
12- Garantia de auxilio alimentação de bolsistas;
13-  Que o calendário de bolsas siga o calendário acadêmico, garantindo férias e demais feriados;
14- Fim do desempenho de atividades em lugares insalubres como ambientes em reformas, que nos expõe a pó, produtos químicos e ruído;
15-  Garantia de vales transportes para o deslocamento até o local da bolsa;
16- Implementação de uma carga horária de 12h semanais sem a redução de valores;
17- Que a reitoria crie um programa de combate ao assedio moral.

A reitoria se comprometeu a resolver ainda hoje os pontos 1 e 2 e trabalhará em conjunto com a comissão de estudantes para elaborar uma regulamentação específica de bolsistas que atendam os demais pontos para apresentar no dia 30 de setembro, data já agendada para nossa próxima PARALISAÇÃO.

A comissão de estudantes irá de reunir na sexta feita às 15h no DCE para dar inicio a elaboração do documento e pensar o processo de mobilização.  Às 17h daremos o informe no CEB  que acontecerá no DCE, e no dia 23 aprovaremos na assembléia geral que acontecerá no Centro de Convivência às 19h.

SECRETRIA/SAE PARA PRÓ-REITORIA DE ASSUNTOS ESTUDANTIS

Conselho Universitário modifica natureza jurídica de algumas unidades
15/09/2010 17:39
 
Em reunião realizada na última segunda-feira, 13, pelo Conselho Universitário (CONSUNI), foi aprovada uma série de modificações nas naturezas jurídicas das Superintendências de Infraestrutura e de Informática, além da Secretaria de Assuntos Estudantis e da Assessoria para Assuntos Internacionais.

Agora, a Superintendência de Infraestrutura e a de Informática deixam de ser Unidades Suplementares e passam a integrar, na condição de secretarias, a estrutura administrativa da Reitoria. A Assessoria para Assuntos Internacionais passa a constituir a Secretaria de Relações Internacionais, sendo responsável pela promoção, coordenação, estímulo, supervisão, controle e avaliação das atividades internacionais da UFRN.

A Secretaria de Assuntos Estudantis vai constituir a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis, tendo a competência de planejar, coordenar, supervisionar e executar as atividades de promoção e assistência ao estudante com vistas a sua permanência, através de ações afirmativas nas áreas social, técnico-científica, cultural, esportiva e de política estudantil.

Por fim, com relação às estruturas administrativas das Superintendências de Infraestrutura, de Informática, de Secretaria de Relações Internacionais e de Pró-reitoria de Assuntos Estudantis, elas serão definidas no Regimento Interno da Reitoria.

CONSUNI MODIFICA NATUREZA JURÍDICA DE ALGUMAS UNIDADES (SECRETRIA/SAE PARA PRÓ-REITORIA DE ASSUNTOS ESTUDANTIS)

Conselho Universitário modifica natureza jurídica de algumas unidades 
15/09/2010 17:39 Em reunião realizada na última segunda-feira, 13, pelo Conselho Universitário(CONSUNI), foi aprovada uma série de modificações nas naturezas jurídicas das Superintendências de Infraestrutura e de Informática, além da Secretaria de Assuntos Estudantis e da Assessoria para Assuntos Internacionais.

Agora, a Superintendência de Infraestrutura e a de Informática deixam de ser Unidades Suplementares e passam a integrar, na condição de secretarias, a estrutura administrativa da Reitoria. A Assessoria para Assuntos Internacionais passa a constituir a Secretaria de Relações Internacionais, sendo responsável pela promoção, coordenação, estímulo, supervisão, controle e avaliação das atividades internacionais da UFRN.

A Secretaria de Assuntos Estudantis vai constituir a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis, tendo a competência de planejar, coordenar, supervisionar e executar as atividades de promoção e assistência ao estudante com vistas a sua permanência, através de ações afirmativas nas áreas social, técnico-científica, cultural, esportiva e de política estudantil.

Por fim, com relação às estruturas administrativas das Superintendências de Infraestrutura, de Informática, de Secretaria de Relações Internacionais e de Pró-reitoria de Assuntos Estudantis, elas serão definidas no Regimento Interno da Reitoria.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

TABELA DOS JOGOS DOS RESIDENTES (FUTSAL)

LOCAL               HORÁRIO       DATA                       TIME 1    TIME 2
Ginásio Pequeno 20:00 10/09/2010 Pós Graduação Biomédica (Brozitas)
Ginásio Pequeno 20:40 10/09/2010 Mirassol Campus II



LOCAL HORÁRIO DATA TIME 1 TIME 2
Ginásio Pequeno 08:00 11/09/2010 Pós Graduação Campus I
Ginásio Pequeno 08:40 11/09/2010 Campus II Biomédica (Brozitas)

Ginásio Pequeno 14:00 11/09/2010 Mirassol Campus I
Ginásio Pequeno 14:40 11/09/2010 Pós Graduação Campus II


LOCAL HORÁRIO DATA TIME 1 TIME 2
Ginásio Pequeno 08:00 12/09/2010 Mirassol Biomédica (Brozitas)
Ginásio Pequeno 08:40 12/09/2010 Campus I Campus II
Ginásio Pequeno 14:00 12/09/2010 Biomédica (Brozitas) Campus I
Ginásio Pequeno 14:40 12/09/2010 Pós Graduação Mirassol


TABELA DOS JOGOS DOS RESIDENTES (MINI-CAMPO)


LOCAL HORÁRIO DATA TIME 1 TIME 2
Mini-Campo 11:00 11/09/2010 Campus I Campus II
Mini-Campo 11:00 12/09/2010 Campus I Campus II

OBSERVAÇÃO: Se houver a necessidade de empate entre as duas equipes será realizada uma prorrogação para desempate no dia 12 de setembro após a segunda partida.


OBSERVAÇÃO: A única equipe que realizou a inscrição para o futsal feminino foi a residência de Pós Graduação (POUSO), portanto esta classificada para os jogos gerais da UFRN 2010.

Prof. Romilson Nunes
Diretor da Divisão de Atividades Desportivas/DAD

V I S T O:
Prof. Geraldo de Almeida Pimentel Filho

A maconha medicinal

"Cannabis Medicinal: Não lemos e não-gostamos?
02 de setembro de 2010
E. A. Carlini

Em Maio deste ano foi realizado o Simpósio Internacional: “Por uma Agência Brasileira da Cannabis Medicinal?” sob minha presidência, contando com a participação de cientistas do Brasil, Canadá, Estados Unidos, Inglaterra e Holanda, representantes brasileiros de vários órgãos públicos, sociedades científicas e numerosa audiência. Após dois dias de intensas discussões foi aprovado por unanimidade um documento recomendando ao Governo Federal a oficialização da criação da Agência Brasileira da Cannabis Medicinal.
Esperava uma discussão posterior, científica e acalorada, pois sabia de algumas opiniões contrárias à proposta. Entre estas o parecer do Departamento de Dependência Química da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) cujos representantes compareceram apenas para apresentar seu parecer, ausentando-se totalmente, antes e depois, de todo o restante do simpósio.

Está havendo sim a esperada discussão, veiculada principalmente através da Folha de São Paulo, mas num nível de entristecer. De fato, expressões como – “o dom de iludir”; “Lobby da maconha”; “Maconhabras”; “uma idéia fixa: a legalização das drogas”; “elementos com pretensa respeitabilidade”; “paixão dos lobistas”; “exemplo de indigência intelectual”; “querem maiores facilitações para o consumo”; “travestidos de neurocientistas”; – não se coadunam com a seriedade que deve prevalecer em qualquer discussão científica. Os autores de tais infelizes afirmações certamente não leram a celebre frase de Claude Bernard, o pai da medicina experimental: “em ciência criticar não é sinônimo de denegrir”.
Por outro lado, os contrários ao uso medicinal da maconha utilizaram de argumentos inverídicos (para dizer o mínimo) quando tentam criar uma atmosfera de pânico, desviando o foco da atenção (maconha como medicamento). Assim:

Legalização da Maconha – O item 6 da carta do Simpósio diz cristalinamente: “o uso clínico dos derivados da Cannabis sativa L ou de seus derivados naturais ou sintéticos não pode ser confundido com o uso recreativo (não-médico) da planta”. Os autores das infelizes frases não leram, portanto, esta resolução. “O uso médico esta longe de receber aprovações de órgãos como a Agência FDA dos EUA”, dizem os autores das afirmativas.

Ora, um princípio ativo da maconha, o ∆9 -THC, está aprovado como medicamento por esta Agência desde a década de 1990, sendo o produto Marinol® produzido e utilizado nos Estados Unidos, e exportado para vários países há quase 20 anos.

Portanto, os autores de tal afirmativa também não leram nada a respeito. Mas não é só isso, pois a maconha e seus derivados também já têm aprovação para uso médico em países como Canadá, Reino Unido, Holanda e Espanha. A Ministra da Saúde da Espanha chegou a declarar: ao aprovar o seu uso para a Esclerose Múltipla: “O uso terapêutico da cannabis é estudado há anos, por isso existem testes clínicos e evidências científicas de sua utilidade em determinadas doenças” Dizem ainda os autores das frases: “O uso terapêutico da maconha não tem comprovação científica. Se recomendado negaria a busca da ciência... por produtos cada vez mais seguros”.

A Dra. Nora Volkow diretora do Instituto Nacional do Abuso de Drogas (NIDA) dos Estados Unidos declarou em Março deste ano a uma revista brasileira “Não existe droga segura”, o que é uma verdade, também para a maconha. Vem daí a necessidade de um médico estudar a relação risco/benefício de qualquer droga que prescreve. Por exemplo, segundo dados do FDA de 1997 a 2005 houve 196 relatos de suspeita de morte coincidente com o uso de antieméticos (uma indicação também aprovada para a maconha). Não houve nenhuma suspeita de morte pelo uso da maconha. Por outro lado a Dra. Valéria declarou também que os canabinóides têm algumas ações terapêuticas úteis como efeito antiemético, aumento do apetite em casos de câncer e AIDS, benefícios analgésicos e em glaucoma.

A alegação de que “não precisamos que o Governo Federal crie, por meio de Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), uma agência para .....a maconhabras” Primeiramente é preciso esclarecer que a SENAD é uma sigla para Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, conforme já aprovado há mais de três anos; portanto, os autores dos artigos na Folha de São Paulo não leram a respeito. É preciso ainda esclarecer que a SENAD não patrocinou e não auxiliou com qualquer quantia a realização do Simpósio. Por outro lado, por se ausentarem de quase todo o simpósio, não sabem que o solicitado na carta foi a “oficialização” à ONU do nome de Agência Nacional da Cannabis Medicinal; conforme enfatizado pelo INCB, órgão da ONU, em 2009. De fato, as leis necessárias para esta criação já foram aprovadas pela Lei 11.343 de 23/08/2006 e seu Decreto regulamentador nº 5.912 de 27/09/2006.

“A maconha causa dependência” segundo os autores das frases. Ninguém nega esta propriedade indesejável da maconha, como também ocorre com muitos outros medicamentos. Mais uma vez cabe a análise da relação risco/benefício ao se utilizar os derivados da maconha ou de qualquer outra droga. Teriam os autores da frase opinião semelhante a muitos outros medicamentos que são fortes indutores de dependência como morfina e vários outros opiáceos responsáveis por milhares e milhares de casos desta reação adversa? Pretenderiam eles solicitar proibição de uso clínico destas drogas?

“Até hoje há pouco estudos controlados, com amostras pequenas” e “o uso de terapêuticos da maconha não tem comprovação científica...” Muita literatura médica precisaria ser lida para permitir afirmativa tão categórica. Existem já dezenas de livros e centenas de artigos científicos publicados sobre as propriedades medicinais da maconha. Por exemplo, em duas extensas revisões recentes (Journal of Ethnopharmacology 105, 1-25, 2006; Cannabinoids 5 (special issue), 1-21, 2010) mais de uma centena de trabalhos científicos são analisados, a maioria deles demonstrando os efeitos que são negados pelos autores das frases. Estas revisões concluem que: “cannabinóides apresentam um interessante potencial terapêutico, principalmente como analgésicos em dor neuropática, estimulante do apetite em moléstias debilitantes (câncer e AIDS) bem como no tratamento da esclerose múltipla”.

Há ainda a salientar que várias sociedades científicas americanas já se posicionaram favoravelmente ao uso médico da maconha tais como: Associação Psiquiátrica Americana, Sociedade de Leucemia e Linfoma dos EUA, American College of Physicians e Associação Médica Americana. Isto sem contar que os Ministérios da Saúde do Canadá, Estados Unidos, Espanha, Dinamarca e Reino Unido já aprovaram o uso medicinal.

Segundo os autores das frases os proponentes da Cannabis Medicinal usam a “estratégia de confundir o debate” e “...a confusão fica por conta de a ativistas comprometidos com a causa da legalização”.

Ora, esta argumentação poderia bem ser utilizada no sentido oposto, como pareceria ser o caso. Sendo totalmente contrário a qualquer uso da maconha investem contra o seu uso medicinal, parecendo tentar convencer o público de que aprovação do uso médico e legalização seriam a mesma coisa, o que esta longe de ser verdadeiro. É bem possível que um forte sentimento ideológico possa estar por trás da confusão armada, o que seria lamentável. Para continuar uma discussão científica minimamente aceitável dever-se-ia por iniciar a leitura de dois artigos publicados neste ano de 2010, em duas das mais serias e respeitáveis revistas científicas do mundo: “Maconha médica e a Lei” (New England Journal of Medicine 362, 1453-1457, 2010) e “Como a Ideologia modela a evidencia e a política: o que conhecemos sobre o uso da maconha e o que deveríamos fazer?” (Addiction 105, 1326-1330, 2010).

Realmente, sem ler não é possível continuar este debate! Sugiro que todos façam “o dever de casa”, atualizando o seu conhecimento com as leituras de mais artigos científicos recentes.

E. A. Carlini é Professor Titular de Psicofarmacologia – UNIFESP Diretor do CEBRID – Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas Membro Titular do CONED (Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas) Membro do Comitê de Peritos sobre Álcool e Drogas OMS (7º mandato) Ex-membro do Conselho Internacional de Controle de Narcóticos (INCB – ONU) (2002- 2007).

http://quixotesforrosebaioes.blogspot.com/

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