quinta-feira, 16 de abril de 2015

Relato de residentes:
Eu, Fabrícia Negreiros Marinho, entrei na residência em 2011 já são quase 4 anos de experiência nesse espaço - saio daqui próximo ano (2016), no inicio você entra um pouco assustada com certos comentários que nem são verdade e se assusta mais ainda com a adaptação, eu por exemplo tive que sair de casa cedo para morar com meu irmão pra estudar-cerca de 9 anos- porque no sitio onde minha família morava só tinha o ensino básico de alfabetização, então tivemos que buscar eu e meus irmãos os estudos longe da família.Os mais novos no caso eu e meu único irmão homem moramos em Rodolfo Fernandes (cidade onde nasci que ficava próxima) e depois em Mossoró ele fazendo faculdade e eu no ensino médio, nossa casa era mantida sempre limpa até porque ele me ajudava (era uma casa simples só o necessário e custo de manter-la era baixo )-morei também em casa de parentes quando não deu mais para manter a casa, a partir do momento que eu entrei na residência tive que aprender a conviver com sujeira mesmo tendo uma pessoa pra limpar, tive que aprender a conviver com barulho inclusive fui encaminhada para psicóloga e passei um ano de tratamento e até hoje tenho que aprender a conviver com discurso falso moralista do conselho e de uma certa maioria que nas reuniões diz uma coisa mas quando sai da mesma vai fazer diferente, pra mim uma ação vale mais que mil palavras e eu sou boa observadora aqui dentro,tem pessoas que sabem usar as palavras,que tem classe, já outras tem a grosseria como referência,não é nem culpa da pessoa,é a educação que ela teve como base.
Você sente falta do que um dia você já teve ( mais paz pra estudar, uma ambiente familiar mais presente ) e no momento não pode ter porque não tem dinheiro ou sua mãe diz “agüente ai porque eu não posso te ajudar”, o seu sonho de terminar o curso fala mais alto, no meu caso de ser uma biomédica, há em mim a necessidade de ter uma função social ou de pelos menos compreender socialmente o espaço onde eu estou inserida, pra isso o MORE  é a única saída (um espaço onde as pessoas dialogam em função de uma luta coletiva, mesmo que com opiniões divergentes- eu sempre sentir falta disso na residência, o olho no olho sem constrangimento, as 4 residências se unindo - inicialmente- e quem sabe até mais), talvez isso tenha um peso em fazer a diferença quando sair daqui como profissional mais humanitária, sou quieta, gosto mais de escutar do que de falar, não faço nenhuma questão de amizade de aparência, tenho minhas opiniões e convicções: algumas formadas (fortes) outras em construção, com um tempo você também aprende que se for preciso ser contraria a uma determinada situação mesmo que sozinha faz parte de sua personalidade.Existe também o conflito interno de aprender a respeitar o espaço, a cultura, os hábitos dos outros, eu não considero a residência minha casa ( tem algumas coisas que eu faço na casa da minha mãe mas aqui não posso fazer ) e sim um ambiente em que primeiramente eu devo pensar no coletivo e respeitá-lo, seguindo claro meu objetivo que é terminar o curso. 
 









Campus IV- Piso IV (408)

Biomedicina UFRN-8º período

[Relatos]Espaço destinado a voz dos residentes sobre sua moradia!!

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