Relato de residentes:
Eu,
Fabrícia Negreiros Marinho, entrei na residência em 2011 já são quase 4 anos de
experiência nesse espaço - saio daqui próximo ano (2016), no inicio você entra
um pouco assustada com certos comentários que nem são verdade e se assusta mais
ainda com a adaptação, eu por exemplo tive que sair de casa cedo para morar com
meu irmão pra estudar-cerca de 9 anos- porque no sitio onde minha família
morava só tinha o ensino básico de alfabetização, então tivemos que buscar eu e
meus irmãos os estudos longe da família.Os mais novos no caso eu e meu único
irmão homem moramos em Rodolfo Fernandes (cidade onde nasci que ficava próxima)
e depois em Mossoró ele fazendo faculdade e eu no ensino médio, nossa casa era
mantida sempre limpa até porque ele me ajudava (era uma casa simples só o
necessário e custo de manter-la era baixo )-morei também em casa de parentes
quando não deu mais para manter a casa, a partir do momento que eu entrei na
residência tive que aprender a conviver com sujeira mesmo tendo uma pessoa pra
limpar, tive que aprender a conviver com barulho inclusive fui encaminhada para
psicóloga e passei um ano de tratamento e até hoje tenho que aprender a
conviver com discurso falso moralista do conselho e de uma certa maioria que
nas reuniões diz uma coisa mas quando sai da mesma vai fazer diferente, pra mim
uma ação vale mais que mil palavras e eu sou boa observadora aqui dentro,tem
pessoas que sabem usar as palavras,que tem classe, já outras tem a grosseria
como referência,não é nem culpa da pessoa,é a educação que ela teve como base.
Você
sente falta do que um dia você já teve ( mais paz pra estudar, uma ambiente
familiar mais presente ) e no momento não pode ter porque não tem dinheiro ou
sua mãe diz “agüente ai porque eu não posso te ajudar”, o seu sonho de terminar
o curso fala mais alto, no meu caso de ser uma biomédica, há em mim a
necessidade de ter uma função social ou de pelos menos compreender socialmente
o espaço onde eu estou inserida, pra isso o MORE é a única saída (um
espaço onde as pessoas dialogam em função de uma luta coletiva, mesmo que com
opiniões divergentes- eu sempre sentir falta disso na residência, o olho no
olho sem constrangimento, as 4 residências se unindo - inicialmente- e quem
sabe até mais), talvez isso tenha um peso em fazer a diferença quando sair
daqui como profissional mais humanitária, sou quieta, gosto mais de escutar do
que de falar, não faço nenhuma questão de amizade de aparência, tenho minhas
opiniões e convicções: algumas formadas (fortes) outras em construção, com um
tempo você também aprende que se for preciso ser contraria a uma determinada
situação mesmo que sozinha faz parte de sua personalidade.Existe também o
conflito interno de aprender a respeitar o espaço, a cultura, os hábitos dos
outros, eu não considero a residência minha casa ( tem algumas coisas que eu
faço na casa da minha mãe mas aqui não posso fazer ) e sim um ambiente em que
primeiramente eu devo pensar no coletivo e respeitá-lo, seguindo claro meu
objetivo que é terminar o curso.
Campus IV- Piso IV (408)
Biomedicina UFRN-8º período
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